domingo, 11 de abril de 2010

1979 - Gal Tropical

Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio Coutinho

Esse disco representa a coroação de um grande sucesso, o show "Gal Tropical", que estreou no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, em 11 de janeiro de 1979. O próprio show já era a comemoração do sucesso do disco anterior, "Água Viva", e trazia grande parte do seu repertório. Porém o show superou as espectativas do público, não só pela mudança no repertório da cantora, mas também na mudança da imagem de Gal Costa. Até então meio mal vista pelo grande público, às vezes tachada de hippie cabeluda e piolhenta, Gal Costa entrava no palco do teatro bem bestida, de salto alto, tropical e sensual, chique como nunca fora anteriormente. Cantando como nunca um repertório essencialmente brasileiro. E o público finalmente se rendeu ao talento de Gal Costa. O show foi considerado o melhor do ano, e chegou a levar Gal Costa para a capa da revista "Veja". O sucesso foi imenso, e motivou a gravação do disco, que também foi um grande sucesso. Formado totalmente por regravações, "Gal Tropical"é praticamente uma coletânea de sucessos, todas as suas músicas em maior ou menos intensidade, tiveram boa execução radiofônica. "Índia"e "Meu nome é Gal" conseguiram, inclusive, a façanha de ser sucesso pela segunda vez na voz de uma mesma intérprete, pois já haviam sido gravadas com êxito por Gal em 1973 e 1969, respectivamente.
Outra façanha conseguida por Gal foi o maior sucesso do disco, a marchinha "Balancê". Lançada por Carmen Miranda em 1937 para o carnaval, a marchinha não teve repercussão e acabou ficando esquecida. Pesquisando o repertório da Pequena Notável, para incluir algumas de suas canções no show, Gal e Guilherme Araújo escolheram "Samba rasgado"e "Balancê". No carnaval de 1980, "Balancê" estourou, e a gravação de Gal Costa superou a original (o que em se tratando da extraordinária Carmen Miranda, realmente é uma façanha). João de Barro, o autor da música, ao ouvir a gravação de Gal no rádio levou inclusive um grande susto, pois não sabia da regravação e reconheceu a sua composição da qual nem ele mesmo mais se lembrava. "Balancê" na sua segunda gravação, 42 anos depois, foi salva do esquecimento por Gal Costa e se tornou um dos clássicos da história do carnaval brasileiro. Embora Gal já tivesse gravado alguns frevos anteriormente, com "Deixa sangrar"(1970), "Estamos aí" (1972) e "Acorda pra cuspir"(1973), entre outras, apenas com "Balancê" Gal estourou no setor carnavalesco, tornando-se porta voz dos maiores sucessos de carnaval nos anos seguintes, a última grande intérprete da música do carnaval carioca após a Era de Ouro do rádio que se encerrou em 1970 com o sucesso de "Bandeira Branca"na voz de Dalva de Oliveira, muito antes do estouro comercial de Daniela Mercury, Margareth Menezes e Ivete Sangalo.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Este disco mostra porque precisa haver regravações,é muito lindo.