Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio Coutinho
"Água Viva" foi o primeiro movimento de uma reviravolta artística na carreira de Gal Costa. Após o fracasso comercial de "Caras & Bocas", Gal, ouvindo os conselhos de Guilherme Araújo, percebeu que não era mais possível ser musa hippie num momento em que existiam muito poucos hippies no Brasil. A geração de Gal tinha amadurecido, e agora preferia sons mais amenos que rocks alternativos que lembravam tanto a pressão da ditadura militar, que aos poucos amansava no Brasil. Foi aí que surgiu a idéia de um disco inovador, com Gal Costa se dedicando mais aos grandes compositores de sua geração, como Caetano e Gil, seus parceiros constantes, mas também se iniciando em Chico Buarque, Gonzaguinha, Mílton Nascimento e Sueli Costa. O primeiro disco realmente eclético de Gal, característica que se tornou fundamental para a cantora, "Água Viva" traz samba, xaxado, baião, bossa-nova, bolero, toada, rock e canções, num repertório em que o fio condutor e a unidade quem nos dá é a fantástica voz da cantora, em performances memoráveis como a releitura dos agudos de Dalva de Oliveira em "Olhos verdes" ou no mega-hit "Folhetim". A grande prova da razão do tino empresarial de Guilherme Araújo (e prova da importância dele na história de Gal), é que "Água Viva"foi o primeiro trabalho da artista a ser consagrado com um disco de ouro, após 11 anos de carreira profissional. Outra prova da importância desse trabalho, agora para a MPB como um todo, foi que ele inspirou algumas artistas a iniciarem suas carreiras, como a paulista Vânia Bastos, uma das mais brilhantes cantoras brasileiras surgidas na década de 80.
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