domingo, 11 de abril de 2010

1976 - Gal Canta Caymmi

Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio Coutinho

Dois grandes sucessos motivaram a gravação de "Gal Canta Caymmi": "Oração de Mãe Menininha", em 1973, com Maria Bethânia, e "Modinha para Gabriela", em 1975. Com esses dois hits, surgiu a idéia da gravação de um disco inteiramente dedicado ao repertório de Dorival Caymmi, numa época em que era incomum a gravação de discos inteiramente dedicados a um único compositor, os chamados songbooks. Principalmetne no caso de cantores de grande popularidade, como Gal Costa, sempre abastecidos por composições inéditas de compositores contemporâneos (pelo menos assim era em 1976!). O disco começou a ser gravado em dezembro de 1975, mas só chegou às lojas em abril de 1976, por conta de alguns fatores: foram inaugurados novos estúdios mais modernos pela Philips, e Gal resolveu refazer algumas partes em mais canais, nos novos estúdios da Barra da Tijuca. Segundo a própria Gal, na época ela também passava por problemas pessoais, que retardaram o andamento das gravações. Porém tudo isso acabou contribuindo para o folclore em torno das gravações, que acabaram sendo no famoso rítmo lento de Caymmi. Prosseguindo uma forma suave de abordagem no canto, sedimentada com o disco "Cantar", Gal traz para o ouvinte as lições de João Gilberto, cantando docemente as canções do mestre baiano. Produzido por Perinho Albuquerque e com arranjos de Perinho e João Donato, um dos ícones da bossa-nova, "Gal Canta Caymmi" é uma verdadeira aula de canto e interpretação. Na versão original em vinil, abrindo o lado A e fechando o B, existe uma vinheta com toque de atabaques de candomblé, que inexplicavelmente não está em nenhuma das reedições em CD lançadas posteriormente.

Após "Gal Canta Caymmi", mais três cantoras de prestígio recriaram obras de Caymmi em songbooks: Jussara Silveira ("Canções de Caymmi, 1998), Rosa Passos ("Rosa Passos Canta Caymmi", 2000) e Nana Caymmi ("O Mar e o Tempo", 2002). Gal, uma verdadeira baiana, Jussara, uma verdadeira baiana nascida em Minas Gerais, Rosa Passos, uma baiana exilada e Nana, uma falsa carioca filha de baiano, quatro grandes intérpretes rendendo tributo a um gênio da MPB.

2 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

A Gal cantando pescaria é de enlouquecer.nem só de cool vive a gal,a agressividade que ela usou nesta interpretação valorizou a canção em cem por cento.

ADEMAR AMANCIO disse...

Pena ela não ter gravado a música homenagem à mãe-menininha.