1976 - DOCES BÁRBAROS (Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil)
Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio CoutinhoEm 1976, Maria Bethânia era, de longe, a mais popular dos quatro Doces Bárbaros. Era uma cantora sofisticada e tinha um público muito maior que Caetano, Gil ou Gal, tanto em níveis de vendagens de discos, quanto em lotação de shows, tanto que pouco depois foi a primeira cantora brasileira e vender 1 milhão de discos ("Álibi", 1978). Porém, veio dela a idéia de um show coletivo, como forma de comemoração dos 10 anos de carreira deles. E o espetáculo estreou em 24 de julho de 1976 no Anhembi, excursionando em seguida por várias cidades do país. Inicialmente o disco seria registrado em estúdio, tendo sido mesmo iniciadas as gravações que resultaram num compacto com quatro das músicas do repertório, porém por sugestão de Gal e Bethânia, acabou surgindo a idéia do disco ao vivo. Para Caetano e Gil um disco tecnicamente muito precário, mas que com certeza carrega toda a emoção do encontro dos quatro grandes nomes da MPB. O álbum duplo saiu em novembro de 1976 com o registro do show quase completo. O espetáculo correu o Brasil, porém foi interrompido em Florianópolis, quando Gilberto Gil foi preso por porte de maconha. As manchetes dos jornais da época alardeavam a maconha encontrada com Gil e em letras menores, escrevia,: "Gal e Bethânia com pó de pemba"! Pó de pemba é uma substância utilizada nas cerimônias de candomblé sem qualquer vinculação com entorpecentes...
O repertório do disco foi especialmente composto por Caetano e Gil, e a maior parte das músicas é inédita, salvo algumas regravações ("Fé cega, faca amolada", "Atiraste uma pedra" e "Pássaro proibido", gravada no último disco de Bethânia pelo próprio Caetano). Especialmente destinada ao solo de Gal no show, Caetano compôs "Eu te amo", uma grande interpretação da cantora. nesse disco encontramos também uma das poucas composições com assinatura de Gal Costa, a canção "Quando", ao lado de Caetano e Gil e feita em homenagem a Rita Lee. O crítico José Ramos Tinhorão, famoso por suas restrições aos trabalhos dos quatro baianos, quando questionados na época o que esperava da reunião, respondeu: "Espero não ver". Porém o disco se tornou um clássico da MPB, até hoje lembrado, e seu título é sempre utilizado para se referir a qualquer reunião dos quatro artistas.
A edição em CD, também dupla, tem a curiosa inversão dos discos na capa, sendo o disco 2 na versão em Cd o disco 1, e vice-versa. Essa inversão ocorreu também no disco "Fa-Tal" (1971), mas o álbum duplo "Doces Bárbaros" não sai muito prejudicado por ser deitado em dois CDs.
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