Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio Coutinho
"Índia" foi lançado em 1973, e é o resultado do show de mesmo nome, que Gal Costa vinha apresentando em várias cidades do país. Assim como o show anterior, "Gal a Todo Vapor", que resultou no disco homônimo, o show "Índia" também foi dirigido por Waly Salomão, e como em tudo da carreira de Gal Costa que tinha a mão do poeta baiano resultou em verdadeiras obras primas, tanto disco quanto show, produzido por Guilherme Araújo, foram momentos importantíssimos da trajetória de Gal. Logo na capa, uma grande polêmica: a foto em close do sexo da cantora, somente com uma tanga vermelha, e na contracapa duas fotos de Gal fantasiada como índia, com os seios a mostra. O resultado foi o disco ser um dos (muitos) censurados do ano, tendo sido vendido nas lojas coberto por um invólucro preto. Outra censurada do disco foi a música "Presente cotidiano" de Luiz Melodia, que não pode ser veiculada via rádio. Mais polêmica: Gal Costa, uma típica cantora zona-sul, ídolo de universitários e intelectuais, cometendo a ousadia de gravar uma das músicas consideradas mais bregas da MPB: a versão em português da guarânia paraguaia "Índia", clássico sertanejo gravado originalmente pela dupla Cascatinha e Inhana, numa época em que as patrulhas ideológicas e musicais eram muito mais acirradas, e gravar música dita de baixa qualidade não contava com a atitude politicamente correta dos meios artísticos como hoje. O disco é repleto de características hoje comuns em artistas alternativos, como a mistura de música brega com roupagem moderna (no caso de "Índia", uma orquestra dirigida por Rogério Duprat), canções com influência da poesia concreta ("Relance" e "Pontos de luz"), folclore ("Milho verde") e clássicos da MPB ("Volta" e "Desafinado").
2 comentários:
Classificar uma canção com forte apelo popular de bréga,é tão subjetivo,mas deixa pra lá.
Não sabia que já tinha passado por aqui,''Índia'' nunca foi brega,é quase folclórica - Gal Costa gravaria,bem depois,uma música de e com Marília Mendonça,esta sim bem brega.Maria Bethânia gravou Zezé de Zilú,muito brega também.
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