domingo, 11 de abril de 2010

1973 - Índia

Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio Coutinho

"Índia" foi lançado em 1973, e é o resultado do show de mesmo nome, que Gal Costa vinha apresentando em várias cidades do país. Assim como o show anterior, "Gal a Todo Vapor", que resultou no disco homônimo, o show "Índia" também foi dirigido por Waly Salomão, e como em tudo da carreira de Gal Costa que tinha a mão do poeta baiano resultou em verdadeiras obras primas, tanto disco quanto show, produzido por Guilherme Araújo, foram momentos importantíssimos da trajetória de Gal. Logo na capa, uma grande polêmica: a foto em close do sexo da cantora, somente com uma tanga vermelha, e na contracapa duas fotos de Gal fantasiada como índia, com os seios a mostra. O resultado foi o disco ser um dos (muitos) censurados do ano, tendo sido vendido nas lojas coberto por um invólucro preto. Outra censurada do disco foi a música "Presente cotidiano" de Luiz Melodia, que não pode ser veiculada via rádio. Mais polêmica: Gal Costa, uma típica cantora zona-sul, ídolo de universitários e intelectuais, cometendo a ousadia de gravar uma das músicas consideradas mais bregas da MPB: a versão em português da guarânia paraguaia "Índia", clássico sertanejo gravado originalmente pela dupla Cascatinha e Inhana, numa época em que as patrulhas ideológicas e musicais eram muito mais acirradas, e gravar música dita de baixa qualidade não contava com a atitude politicamente correta dos meios artísticos como hoje. O disco é repleto de características hoje comuns em artistas alternativos, como a mistura de música brega com roupagem moderna (no caso de "Índia", uma orquestra dirigida por Rogério Duprat), canções com influência da poesia concreta ("Relance" e "Pontos de luz"), folclore ("Milho verde") e clássicos da MPB ("Volta" e "Desafinado").

2 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

Classificar uma canção com forte apelo popular de bréga,é tão subjetivo,mas deixa pra lá.

ADEMAR AMANCIO disse...

Não sabia que já tinha passado por aqui,''Índia'' nunca foi brega,é quase folclórica - Gal Costa gravaria,bem depois,uma música de e com Marília Mendonça,esta sim bem brega.Maria Bethânia gravou Zezé de Zilú,muito brega também.