Por Doug Carvalho, Tiago Marques e Fábio Coutinho
Esse disco pode ser considerado uma das investidas mais ousadas realizada por qualquer intérprete nacional. Absolutamente nenhum artista em 1969 tinha ido tão longe em propostas sonoras, nem mesmo Caetano, Gil ou Tom Zé. Levando-se ainda mais em consideração o fato de Gal ter sido sempre uma cantora extremamente intimista até então, esse disco foi uma verdadeira revolução não só dentro da carreira da cantora, mas também na história da MPB. Conhecido como "Gal Psicodélico"ou mesmo como "Meu Nome é Gal", esse LP levou ao extremo as experiências que Gal havia iniciado com a interpretação de "Divino maravilhoso" no ano anterior, indo mais fundo nos gritos, grunhidos e guinchos, em grande parte influenciada pela sonoridade do canto de Janis Joplin. Segundo a própria Gal, o disco tinha como intenção marcar a ausência de Caetano e Gil, que estavam exilados, por isso a sonoridade, que ela diz propositadamente suja. Esse LP é a prova irrefutável, de que se Gal Costa não foi a idealizadora intelectual da virada Tropicalista, sem dúvida alguma foi a responsável pela revolução do canto brasileiro via Tropicalismo, um papel que cabe somente a ela. Se Elis Regina foi a representante da qualidade técnica na MPB, e Maria Bethânia foi a força expressiva via palco, Gal Costa foi quem revolucionou a interpretação, a voz das cantoras brasileiras surgidas depois. Aqui está também a gravação inicial de "Meu nome é Gal", música inspirada em "My name is Barbra", lançada por Barbra Streisand, e que se tornou a marca registrada de Gal Costa, e regravada 10 anos depois. A própria Elis Regina, num misto de ironia e reverência, cita "Meu nome á Gal"na gravação da música "Comunicação", no repertório do disco "...Em Pleno Verão", lançado em 1970. Para alguns um disco excepcional, para outros um disco simplesmente barulhento, mas certamente um disco sem par na discografia feminina brasileira.
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