quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

1969 - Gal (álbum)

Gal
Universal / 1969

Lado A 

1 Cinema Olympia (Caetano Veloso)
2 Tuareg (Jorge Ben)
3 Cultura e civilização (Gilberto Gil)
4 País tropical (Jorge Ben)
com Gilberto Gil e Caetano Veloso
5 Meu nome é Gal (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)      

Lado B

1 Com medo, com Pedro (Gilberto Gil)
2 The empty boat (Caetano Veloso)
com Jards Macalé
3 Objeto sim, objeto não (Gilberto Gil)
4 Pulsars e quasars (Jards Macalé - Capinan)

Letras:

Cinema Olympia
(Caetano Veloso)


Não quero mais essas tardes mornas, normais
Não quero mais videoteipe, março, abril
Eu quero pulgas mil na geral
Eu quero a geral
Eu quero ouvir gargalhada geral
Quero um lugar para mim pra você

Na matinê do cinema Olympia, do cinema Olympia
Na matinê do cinema Olympia, do cinema Olympia
Na matinê do cinema Olympia, do cinema Olympia

Duru duru duru duru duru...

Tom Mix, Book Jones, tela e palco
Sorvetes e vedetes
Socos e pauladas
Espartilhos, pernas e gatilhos
Atilhos e gargalhada geral
Do meio dia até o anoitecer

Na matinê do cinema Olympia, do cinema Olympia
Na matinê do cinema Olympia, do cinema Olympia
Na matinê do cinema Olympia, do cinema Olympia...

Tuareg
(Jorge Ben)


Na areia branca do deserto escaldante
Ele nasceu, cresceu guerreando
Caminhando dia e noite no deserto sem errar
Pois com muita fé ele só para pra rezar
Pois pela direção do sol e das estrelas
No oásis escondido, água ele vai achar
Pois o homem de véu azul é o prometido de Alá

Pois ele é guerreiro
Ele é bandoleiro
Ele é justiceiro
Ele é mandingueiro
Ele é um tuareg

Galopando seu cavalo preto brilhante
Ele vem todo de azul orgulhoso e confiante
Trazendo seu rifle embalado e sua adaga a tira colo
Sempre pronto para o que der e o que vier
Pois ele é sentimental, humano, é nobre
É mouro, é muçulmano

Pois ele é guerreiro
Ele é bandoleiro
Ele é justiceiro
Ele é mandingueiro
Ele é um tuareg.

Cultura e civilização
(Gilberto Gil)


A cultura, a civilização
Elas que se danem, ou não
A cultura, a civilização
Elas que se danem, ou não

Somente me interessam
Contanto que me deixem meu licor de jenipapo
O papo nas noites de São João
Somente me interessam
Contanto que me deixem meu cabelo belo
Meu cabelo belo como a juba de um leão
Contanto que me deixem ficar na minha
Contanto que me deixem ficar com minha vida na mão
Minha vida na mão, minha vida

A cultura, a civilização
Elas que se danem, ou não
A cultura, a civilização
Elas que se danem, ou não

Eu gosto mesmo é de comer com qüentro
Eu gosto mesmo é de ficar por dentro
Como eu estive algum tempo na barriga de Claudina
Uma velha baiana cem por cento

A cultura, a civilização
Elas que se danem, ou não
A cultura, a civilização
Elas que se danem, ou não.

País tropical
(Jorge Ben)
participação especial: Gilberto Gil e Caetano Veloso


Moro num país tropical
Abençoado por Deus
E bonito por natureza
Fevereiro, em fevereiro tem carnaval
Eu tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza

Sun baby
Sou um menino de mentalidade mediana
Mas assim mesmo e contente eu não devo nada a ninguém
Pois eu sou feliz, muito feliz comigo mesmo

Moro num país tropical
Abençoado por Deus
E bonito por natureza
Fevereiro, em fevereiro tem carnaval
Eu tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza

Sun baby
Posso não ser um band leader
Mas meus amigos, todos eles me respeitam
Essa é a razão da simpatia, do poder e da alegria

Moro num país tropical
Abençoado por Deus
E bonito por natureza
Fevereiro, em fevereiro tem carnaval
Eu tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza.

Meu nome é Gal
(Roberto Carlos – Erasmo Carlos)


Meu nome é Gal
E desejo me corresponder
Com um rapaz que seja o tal
Meu nome é Gal
E não faz mal
Que ele não seja branco, não tenha cultura
De qualquer altura
Eu amo igual
Meu nome é Gal
E tanto faz que ele tenha defeito
Ou traga no peito
Crença ou tradição
Meu nome é Gal
Eu amo igual
Ah, meu nome é Gal
“Meu nome é Gal, tenho 24 anos
Nasci na Barra Avenida, Bahia
Todo dia eu sonho alguém pra mim
Acredito em Deus, gosto de baile, cinema
Admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo,
Macalé, Paulinho da Viola, Lanny,
Rogério Sganzerla, Jorge Ben, Rogério Duprat,
Waly, Dircinho, Nando,
E o pessoal da pesada
E se um dia eu tiver alguém com bastante amor pra me dar
Não precisa sobrenome
Pois é o amor que faz o homem."

Com medo, com Pedro
(Gilberto Gil)


“Com medo ou com Pedro?”
Eu agora não tô mais com medo, tô com Pedro
Eu agora não tô mais com medo, tô com Pedro
Eu agora já to mais com Pedro do que com medo
Eu agora já to mais com Pedro do que com medo

Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já me joguei no mundo
Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já pus os pés no fundo
Se você cair não tenha medo
O mundo é fundo
Quem pisar no fundo encontra a porta
Do fim de tudo
Bem junto da porta está São Pedro
No fim do fundo, fim do fundo
FINDO!

Bem depois do fim de tudo o medo
Do fim do mundo
Bem depois do fim do mundo o medo
Do fim de tudo
Bem depois do fim de tudo o medo
Do fim do mundo
Bem depois do fim do mundo o medo
Do fim de tudo

Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já me joguei no mundo
Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já pus os pés no fundo
Se você cair não tenha medo
O mundo é fundo
Quem pisar no fundo encontra a porta
Do fim de tudo
Bem junto da porta está São Pedro
No fim do fundo, fim do fundo
FINDO!

The empty boat
(Caetano Veloso)
participação especial: Jards Macalé


From the stern to the bow
Oh, my boat is empty
Yes, my heart is empty
From the hole to the how

From the rudder to the sail
Oh, my boat is empty
Yes, my hand is empty
From the wrist to the nail

From the ocean to the bay
Oh, the sand is clean
Yes, oh, my mind is clean
From the night to the day

From the East to the West
Oh, the stream is long
Yes, my dream is wrong
From the birth to the death

From the stern to the bow
Oh, my boat is empty
Yes, my head is empty
From the nape to the brow.

Objeto sim, objeto não
(Gilberto Gil)


Um objeto sim, um objeto não
Um objeto sim, um objeto não
Como Rômulo e Remo
Rômulo e Remo aparecerão
No mesmo dia, na mesma cidade
No mesmo clarão
Um surgindo do céu, outro vindo do chão
Um objeto sim, um objeto não
Eubioticamente atraídos
Pela luz do Planalto Central das Tordesilhas
Fundarão seu reinado nos ossos de Brasília
Das últimas paisagens
Depois do fim do mundo
É o reinado de ouro
Depois do fim do mundo
O reino de Eldorado
Depois do fim do mundo virão
Objeto sim, objeto não
Os lumiencarnados seres que esta terra habitarão
O inventivo SI, o inventido GUI
O inventido NI, o inventido FI
O inventado CA e mais uma porção
Dos inventivos significados novos seres que virão
Do fundo do céu, do alto do chão
Do fundo do céu, do alto do chão
Do fundo do céu, do alto do chão
Do fundo do céu...

Pulsars e quasars
(Jards Macalé e Capinan)


Os pulsars, ruídos pulsativos pra Macá
Os quasars, ruídos coloridos para a Gal
O laser, ruídos doloridos para a Gal
Os meses, beijos proibidos pra Macha
O verso, um disco conhecido pra você
Universo, um quadro aberto na TV
O inverso, um ser mutante universal
Meu ingresso para as touradas do mal
Dos sóis, Cá e Gil me mandem notícias logo
A sós, pulsos abertos, eu volto
Sem voz, ye ye, sem voz
Sem voz
Os novos seres seguem, mas sem voz
Sem a voz
Os ruídos terão sentidos e teus sentidos perdidos
Os ruídos terão sentidos e teus sentidos perdidos
Os pulsars, os quasars, o laser, os meses
Tudo tão perto de nós
Você me vê? Não me vê
De um pulsars, de um quasars
Pelos raios da TV
Da TV, da TV...

Ficha técnica:

Direção da produção: Manuel Barenbein
Arranjos e direção musical: Rogério Duprat
Técnicos: João Kibelkstis e Stélio Carlini
Estúdio: Scatena - SP
Fotos da contracapa: Freitas
Capa: Dicinho

Músicos Participantes

Baixo, guitarra solo e guitarra base: Lanny Gordin
Bateria: Eduardo Portes de Souza e Diógenes Burani Filho
Violão: Jards Macalé
Baixo: Rodolpho Grani Júnior


RELEASE:

Você precisa saber que Gal Costa é um dos acontecimentos mais importantes da música brasileira de hoje. Na Bahia havia a Graça e uma sala profunda, enraizada, recôncava de cachoeiras mortas, uma voz guardada apenas ali, absoluta. Gal nunca teve medo. Eu não tenho medo de saber que é difícil para o artista assumir sua própria grandeza. Ela ouviu João Gilberto mais e melhor do que ninguém. Não acredito que alguém ainda tenha medo de guitarras elétricas. WOW! Acho que o nosso trabalho não estabelece um universo para Gal que o nosso experimentalismo necessariamente desorganizado... SNIF, SNIF, tudo é perigoso, "Why Each time Superman appears at that window, Clark Kent is not at his desk?", Janis Joplin, Jackson do Pandeiro, Cool, Paulinho da Viola, a legião dos Sub- heróis. Mas Gal EXPLODIU sozinha, muito acima de tudo. João Gilberto havia se comovido com a Graça, descobrindo sua voz guardada. Ninguém pode deplorar nosso Vale-Tudo: quando Gal canta, ele vale-nada. Gal EXPLODIU sozinha. Só vale Gal.
Eu sei que é assim

Caetano Veloso


Capa


Contracapa


 

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