sábado, 9 de julho de 2011

Novidades sobre novo disco de Gal Costa

06/07/11 - Sob as Estrelas da Bahia
Fonte: Revista Rolling Stone Brasil - Por Ronaldo Evangelista - Foto: Victor Affaro

Gal Costa e Caetano Veloso estão na capa da edição 58 da Rolling Stone Brasil

Gal Costa e Caetano Veloso retomam em 2011 uma das parcerias mais duradouras, intensas e prolíficas da música brasileira – uma história de amor nascida nos anos 60 e que gera frutos até hoje



Gal Costa e Caetano Veloso estão na capa da edição 58 da Rolling Stone Brasil
 
Leia abaixo um trecho da matéria de capa da edição 58 da Rolling Stone Brasil, nas bancas a partir de 8 de julho



BOSSA TOTAL A dupla, na época em que lançou o álbum Domingo, em 1967

Sentados lado a lado, cada um em uma ponta de um sofá bege de listras marrons no camarim de um estúdio fotográfico em Salvador (BA), Caetano Veloso, 68, e Gal Costa, 65, têm 50 anos de história para lembrar. Caetano senta-se reto, atento; Gal está à vontade, com as costas fundas no sofá. Passeando entre os muitos pontos de intersecção em duas carreiras sempre próximas e distantes, falam dirigindo-se tão frequentemente um ao outro quanto a mim, sentado em uma cadeira de frente para os dois. Enquanto reconstroem memórias em par, completam as frases mútuas com intimidade além daquela de namorados ou irmãos, mas de amizades que se orbitam, não importa quantas vezes o planeta gire. Se amizade é identificação, confiança, comunhão de raízes, empatia ilimitada, amigos são mais do que a família que escolhemos, são aqueles que continuam nos conhecendo quando mudamos.

(A partir da esq.) Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caetano e Gal em apresentação do grupo Doces Bárbaros, que uniu o quarteto para um disco e uma turnê, em 1976

Alguém entra na sala, traz água de coco para Gal e sai. Caetano cruza as pernas embaixo de si, no sofá. Estamos aqui por uma ocasião especial: Caetano, vindo de uma fase especialmente carregada de frescor, depois dos discos Cê e Zii e Zie (e um ao vivo com Maria Gadú, vá lá), se viu tomado por inspiração para desencadear um processo semelhante com Gal, compondo todo um disco para ela e direcionando as gravações (se nada mudar, o álbum, previsto para setembro, deverá se chamar Doce). A última vez que ela entrou em estúdio para fazer um álbum foi em 2005 - Hoje, lançado pela gravadora Trama. O novo disco terá o apoio da gravadora Universal, que também lança os discos de Caetano e recentemente compilou os LPs de Gal gravados entre 1967 e 1983 em uma caixa com 16 CDs.

Gal e Caetano estão apreensivos, em pleno processo de finalização do álbum: faltam poucos dias para terminarem de registrar as vozes definitivas no estúdio de Carlinhos Brown, no Candeal. As bases já foram gravadas no Rio com a ajuda de Moreno Veloso - filho de Caetano e afilhado de Gal - e com participações de jovens músicos cariocas. Assim que o último rec virar stop, os arquivos de áudio ganharão mixagem, masterização, título e capa. Hoje, sábado nublado de junho, estamos na Bahia para falar do passado no presente - Bahia que já existia em mim através das músicas e agora se materializa no momento vivido e no cenário de lembranças do compositor e da cantora.

A dupla no Rio de Janeiro, em abril de 1978

"O Caetano para mim é muito importante por tudo que a gente viveu e conviveu", Gal começa. "Por tudo que ele compôs, tantas músicas que ele fez para mim, direcionadas a mim, falando para mim. Eu adoro as canções de Caetano. Ele é o compositor que melhor escreve para mim, para a minha voz, para mim mesmo. A gente tem uma identificação musical. Neste momento, Caetano fazer este trabalho comigo é maravilhoso. É muito importante historicamente e emocionalmente."

TEMPORADAS VARIADAS João Gilberto com Caetano e Gal, em 1971 - os devotos encontraram o mestre em um programa da TV Tupi

Caetano, propulsor da ideia há um ano e meio, quando pela primeira vez contou a Gal do novo projeto, explica que a vontade deste álbum nasceu de pensar na história da presença de ambos na música e na história da própria música brasileira. "Gal tem uma qualidade de emissão vocal muito especial e um papel histórico muito importante, e as duas coisas estavam relativamente subvalorizadas nos últimos tempos", reflete. "Tenho necessidade de ter uma visão histórica mais equilibrada, e isso me pareceu como uma necessidade para mim mesmo e tenho certeza que para os outros também. Então fiquei com desejo de fazer o repertório e produzir um disco todo para Gal. Me interesso muito por fazer este disco agora, para reequilibrar a visão histórica."

Gal, entretanto, deixa claro que em nenhum momento a ideia foi homenagear o que houve, mas sim o que ainda há para haver. "Não vai ter nada a ver com nenhum disco que eu já fiz na vida, nem com nenhum disco que ele já fez na vida", explica. "Vai ser uma coisa nova, repertório novo, tudo novo, mas é claro que tem a ver com passado porque a nossa história está impregnada na gente."

Você lê esta matéria na íntegra na edição 58.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aguardo ansioso o novo CD.