domingo, 31 de outubro de 2010

Repercussões na Imprensa sobre a caixa "Gal Total"

16/10/2010 - Gal Costa fará disco com canções de Caetano
Fonte: IG Cultura - Por Pedro Alexandre Sanches

Foto: Augusto Gomes

Sem gravar desde 2005, cantora lança caixa com 15 discos gravados entre 1967 e 1983

Gal Costa: quinze álbuns reunidos na caixa "Total"

Gal Costa andou relativamente silenciosa nos últimos cinco anos. Desde Hoje, de 2005, não voltou mais aos estúdios para gravar um álbum inédito. Neste 2010, a mudez começa a ser rompida com a edição da caixa "Total", que inclui 15 discos lançados pela gravadora Philips (atual Universal) entre 1967 e 1983. O ciclo se completará quando Gal lançar, 28 anos mais tarde, o disco de retorno à Universal, que está sendo preparado sob produção de Caetano Veloso e de seu filho Moreno Veloso.

"Vai ser um disco de canções inéditas de Caetano feitas para mim”, adianta, durante entrevista agendada em parceria com a Universal para divulgar o lançamento de Total, que custará em torno de R$ 90 e traz, como atrativos semi-inéditos dois volumes de raridades editadas originalmente em discos de festival, trilhas sonoras (como a do filme "Brasil Ano 2000", de 1969), trabalhos de outros artistas (como Erasmo Carlos, Maria Bethânia e Ney Matogrosso) e compactos da própria Gal (o que inclui as hoje pouco conhecidas versões de estúdio dos clássicos "Vapor Barato" e "Sua Estupidez", do disco ao vivo "Fa-tal", de 1971).

Gal desce para a entrevista num salão de hotel de São Paulo, onde tem passado alguns dias após o show de voz e violão que fez no Anhembi – morando em Salvador, não votou no primeiro turno das eleições. Está serena, mas reclamando de alergia e de pigarro. Conta que é internauta contumaz (“meu computador fica ligado o dia inteiro”) e constata: “No mundo de hoje a informação é tão rápida que, se você ficar um mês sem fazer nada, parece que você acabou, morreu, sumiu, desapareceu. Não dou bola para isso, sigo meu ritmo, que é o importante”.

Enquanto se prepara a parafernália de gravação, ameaça pouco falar: “Eu tenho preguiiiça, só se você me perguntar. Se me perguntar eu falo, se não me perguntar eu não falo”. Diante das primeiras perguntas, põe-se a falar pelos cotovelos, sobre o passado, o presente e o futuro.

Entrevista de Gal Costa a Pedro Alexandre Sanches

Consta que, no show que fez no Anhembi, você falou bastante entre as músicas, e uma das coisas que disse é que é tímida. Como assim?
É, eu estou falando muito mesmo. Eu sou tímida. Sou menos, muito menos tímida hoje do que era no início. Mas uma coisa curiosa é que a gente vai mudando sem perceber, não é? A vida nos leva a mudar, a transformar, e foi o que sucedeu. Eu quase não falava. No começo da minha carreira eu não dizia nem boa noite, não falava nada.

Isso só no palco, ou na vida também?
No palco, mas na vida também falava pouco. Era tímida bem lá atrás. Posso dizer que ou tímida, mas mais do que tímida sou uma pessoa zen. No palco hoje sou muito falante, mas alante de uma maneira espontânea. O que aconteceu no palco é que fico muito à vontade, mas muito à vontade mesmo, e falo o que vem na minha cabeça. Se alguém fala alguma coisa na plateia eu respondo, há uma interação. Sou até engraçada no palco, as pessoas riem comigo por várias vezes. É uma mudança mesmo que aconteceu, e eu não sei lhe explicar como. Comecei a fazer esse show de oz e violão, que exige uma comunicação com a plateia. Você não pode ficar num palco com um violão e muda. Isso também forçou um pouco a ter essa postura.

Como é a timidez na sua vida, fora do palco?
Ah, não sei. A minha vida fora do palco não é diferente da minha vida no palco. Quando entro no palco há uma transformação mesmo. Posso estar com alergia e a alergia vai embora. Posso ter um pigarro e o pigarro desaparece. Não sei o que acontece, o palco é uma coisa milagrosa, que mexe com o  metabolismo da gente. É misterioso, algum cientista algum dia explicará isso.

O palco, então, é remédio para timidez, pigarro, alergia?
Para tudo (ri). O palco é muito bom. Mas essas mudanças são muito agradáveis. É muito bacana constatar que você mudou. Você de repente se vê mudada, transformada, e isso é muito bom, muito legal. E é a vida que traz isso, que dá esse presente para a gente, quando a gente está aberta para receber.

Que outras transformações você sofreu?
Ué, eu não sei dizer no quê, mas a gente se transforma. Você também está mais gordinho, está mais bacana (ri).

No livreto da caixa "Total", você afirma que preferia não ter saído da Philips (hoje Universal), e é essa gravadora que está lançando a caixa.
Eu preferia mesmo ter continuado. Na época se ofereciam luvas em dinheiro para os artistas saírem de suas gravadoras. A RCA queria mudar de cara, Manolo Camero assumiu a presidência da gravadora e me ofereceu uma luva. Sentei com Roberto Menescal (diretor artístico da Philips), disse que preferia ficar, porque minha história tinha sido lá desde o começo. Ele me disse que não poderia cobrir a oferta. Depois ele mudou de ideia, mas eu já tinha empenhado minha palavra. Fui para a RCA, que levou também Chico Buarque e Maria Bethânia.

Pode falar um pouco sobre o volume de raridades que foi incluído na caixa "Total"?
Tenho que ter meus óculos para ver o repertório. (Põe os óculos, folheia o encarte do CD.) Essas fotos são muito bonitas. "Dadá Maria" (1967) foi gravada ao vivo com Renato Teixeira, mas cantei também com... Silvio Cesar? Cantei ou não? Acho que sim. "Bom Dia" (1967) é linda, gravei em estúdio com Gil me acompanhando, se não me engano. "Domingo Antigo" (1968), é engraçado... Eu não lembro dessa gravação... Não reouvi nada ainda. "Acho Que Vou-Me Embora" (1968) eu conheço, acho bem bacana, de Sidney Miller. "Canção da Moça", "Homem de Neanderthal" (do filme Brasil Ano 2000, de 1969) também, não lembro dessa gravação com Bruno Ferreira.

Quem é Bruno Ferreira?
Eu não sei quem é, nem lembro. "Show de Me Esqueci", com Bruno Ferreira e Ênio Gonçalves, olha só que loucura. "Sem Grilos", "Acorda pra Cuspir" (1974), essas músicas eu gravava em compactos simples para o carnaval da Bahia, quando Caetano Veloso compunha para o carnaval baiano. Não tocavam aqui no sul, não. Eu fazia os compactos e a Philips mandava para o Nordeste. Nas rádios de Salvador e no trio elétrico tocavam.

Aqui no sul mal circulavam? Aqui não circulavam. Não sei nem se naquela época tinha carnaval em São Paulo, tinha?
Acho que não (ri). O Rio tinha carnaval, mas não tocava.

Outra canção ali é "Modinha para Gabriela" (1975), tema da novela Gabriela. No livreto você diz que foi convidada pela Globo para interpretar Gabriela. Como foi isso?
Fui. Daniel Filho chamou primeiro a mim para fazer o papel da Gabriela. Mas eu fiquei com medo. Se eu tivesse naquela época o temperamento que tenho hoje, talvez aceitasse. Mas achei que, não, não sou atriz, sou cantora, não vou fazer. E então cantei a música e a Sonia Braga fez a novela. Na verdade, talvez o espírito e a personalidade da Gabriela parecessem mais comigo.

Por quê?
Mais pura, mais... Tenho essa coisa de pureza, até hoje. Mas não sou atriz.

Que lembranças lhe ocorrem vendo a capa de seu primeiro disco, de 1967, com Caetano Veloso?
A lembrança que mais me ocorre aqui (manuseia a capa da reedição em CD) é a dificuldade que a gente teve de gravar. A gente dormia muito tarde e acordava muito tarde, e o horário que nos sobrou era o horário da manhã. Eram três turnos de estúdio: pela manhã, que começava às 9 horas, à tarde e à noite, e nós ficamos com esse das 9 da manhã. As grandes estrelas ficavam com os horários da tarde e da noite, e nós de manhã. Era difícil acordar cedo, ir lá, gravar, cantar, estar com a voz legal. Mas a gente fez. É superbacana, depois de anos, olhar isto aqui, porque é o primeiro disco, eu e Caetano juntos. Você vê que tem uma identificação, também por tudo que ele passou, tudo que eu passei – durante o exílio dele fiquei aqui, minha imagem se parecia muito com a dele. E também pela nossa identificação musical, que vem através de João Gilberto.

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"Para os caretas, cabeludo era quem tinha piolho"

Em entrevista, Gal Costa fala sobre o disco que está gravando com Caetano e relembra os anos 1970

Foto: Augusto Gomes

Gal Costa no palco, acompanhada apenas de um violonista

Na segunda parte da entrevista, Gal Costa conta (poucos) detalhes sobre o trabalho de músicas inéditas que prepara com Caetano Veloso e relembra as reações negativas, por vezes agressivas, que a eclosão do movimento tropicalista (em 1968) causou a ela e aos parceiros.

“Começou a juntar gente, gente, muita gente, que começou a me chamar de macaco, cabeluda, piolhuda”, relata um incidente quando participava de uma filmagem no centro do Rio de Janeiro. “Não era fácil andar pelas ruas do Rio.” Mas ela seguiu andando, e relembra quatro décadas depois a resistência exercida sem intenção deliberada, a partir das chamadas “dunas da Gal”, na praia de Ipanema.

Você e Caetano estão trabalhando juntos de novo, a identificação de vocês se mantém a mesma, desde os anos 60?
Estamos trabalhando juntos, fazendo um disco. Ele e Moreno estão produzindo meu disco novo. Não posso falar muito, a única coisa que posso dizer é que ele está compondo todas as músicas. Vai ser um disco de canções inéditas de Caetano feitas para mim. Ninguém neste país faz música melhor para mim do que Caetano, vide "Errática" (1993), "Minha Voz, Minha Vida" (1982), lindas e feitas para mim. Ele já compôs seis canções, já tiramos a tonalidade, estamos trabalhando nas bases e arranjos, ele está compondo mais. Dizer mais seria leviano da minha parte. Está sendo construído, muito no comecinho.

O livreto fala de uma “celeuma” porque você e Caetano foram ao programa Jovem Guarda cantar "Coração Vagabundo", mas na última hora a apresentação foi cortada do roteiro. Como foi isso?
(Ri.) Eu não lembro, sabia? Pode ser que Caetano lembre. Marcelo Fróes (produtor da caixa) me falou isso, mas não lembro. Memória...

E o segundo disco ("Gal Costa", de 1969), que lembranças lhe traz?
Foi depois que cantei "Divino, Maravilhoso" no festival da Record (de 1968). Fiz logo em seguida a um show no Teatro de Arena, aqui em São Paulo. Parte desse repertório é daquele show.

Por muitos anos, você manteve esse hábito, de testar as músicas primeiro nos shows e depois gravá-las em disco. Por quê?
Isso aconteceu também lá na década de 1980, quando fiz primeiro o show "Fantasia", no Canecão, e depois veio o disco "Fantasia" (de 1981). Não foi bem, porque houve uma grande sabotagem. Eu nunca havia falado disso antes. Foi produzido musicalmente por Guto Graça Mello, que me sugeriu a banda do Lincoln Olivetti, com quem a imprensa implicava. Bem, Lincoln fez os arranjos, ensaiamos bonito. Tinha uma pessoa de dentro do Canecão que queria pilotar a mesa de som, mas quem pilotou foi o Moog Canázio, que na hora do show chegou em frente à mesa, e ela estava toda desmarcada. Tudo apagado, zerado. Moog refez tudo, mas, para surpresa dele, quando o show começou os canais estavam todos trocados. O canal da voz era o contrabaixo, o da guitarra era a bateria, o do piano era do vocal, e assim ficou um desastre. Então o show não fez uma carreira boa, mas Mariozinho Rocha (hoje diretor musical das novelas da Globo) era diretor musical dos meus discos e foi ao Canecão com o dono da Rádio Cidade, que ouviu "Festa do Interior" e disse: "Essa música é um hit, Mariozinho, vamos gravar". Gravei, com o arranjo do Lincoln, e foi um hit. Foi para o primeiro lugar na parada, e o Canecão começou a encher. Encerrei a temporada e fiz o disco, que foi a volta por cima, um dos meus discos mais vendidos.

Na capa do disco de 1969 você está com o figurino usado no festival de "Divino, Maravilhoso", não?
Sim, esse visual foi construído muito por ideia de Dedé (esposa de Caetano à época), a gente enrolou meu cabelo, tinha uma roupa com um espelho imenso. 

Trouxe vaias na apresentação da Record...
Ah, trouxe. Eu tinha ensaiado com Gil, e Caetano não participou dos ensaios, não viu nada. Ele estava sentado na plateia, falou que quando viu quase caiu duro para trás, tamanha a surpresa, tamanho o impacto de ver a minha transformação. Até então era aquela garota que cantava com voz doce, com um espírito joãogilbertiano. Foi uma guinada. E aí a plateia ficou muito dividida, entre vaias e aplausos (foram muito vaiadas também "É Proibido Proibir", com Caetano, e "Questão de Ordem", com Gil). Foi muito importante para mim aquele momento, como artista – minha postura no palco, como me relacionei com aquela coisa. Eu olhava na cara das pessoas que vaiavam, e realmente tinha uma força tudo aquilo que eu dizia.

Olhava de propósito, em desafio?
Claro. Como postura, como atitude, foi importante para mim.

Naquele momento os tropicalistas estavam se impondo, causando impacto, e também assustando a plateia, não?
É, lembro que tinha uma mulher em pé, vaiando, e eu fui com o dedo assim (aponta) para ela, e falando o texto, e ela recuou (ri). Lembro que ela recuou e sentou, isso é uma imagem que não me sai da cabeça. Ficou marcado na memória.

A tropicália revolucionava comportamentos, misturava a questão racial, com Gil, e a sexual, com você e Caetano, todos cabeludos. Era um susto que vocês estavam causando?
A forma de se vestir, o jeito, as canções também eram novas. "Alegria, Alegria" (1967) é uma canção totalmente nova, né? Quando Caetano cantou para mim, recebi aquilo como algo novo. Não era só o comportamento, o cabelo, a roupa. Era também a música, a poesia, a maneira de compor. Tudo era novo ali.

Cantar "atenção, tudo é perigoso/ tudo é divino, maravilhoso”, “é preciso estar atento e forte/ não temos tempo de temer a morte", em 1968, era um discurso forte e desafiador, não? Você ainda canta essa música?
Canto, inclusive nesse show de voz e violão. É muito legal, tem uma levada bacana, uma marcação que a plateia marca junto. Não cantei no Anhembi não sei por quê, é um lugar perfeito, São Paulo, né?

Ainda em 1969 você lançou mais um disco ("Gal"), que foi também o último do movimento tropicalista.
Esse acho o mais radical, ou talvez o único radical mesmo. Ele tem um lado que na época eu dizia: "É intocável". O lado A é tocável, o B é mais experimental, de canções em que grito, "Pulsars e Quasars", por exemplo, "Objeto Sim Objeto Não", "The Empty Boat", "Com Medo, com Pedro". Esse lado é totalmente experimental, psicodélico. Gosto muito desse disco, é ousado. A própria gravadora se assustou na época, mas é isso que está registrado. É o impulso, é a criação, é verdadeiro.

Por que você ficou radical nesse momento?
Esse lado que chamo de psicodélico é o mais radical mesmo. É porque era um momento muito difícil. Aquele grito era como se... Eu sofri muito durante esse período, segurando essa onda toda. Sofri muito. Era uma forma também de expressar isso, botar para fora esse sofrimento e ao mesmo tempo gritar, reclamar de tudo, contra tudo que estava ali, aquele caos, a ditadura, o exílio deles. Foi o disco que realmente revelou bastante isso, de uma forma radical.

Você sofria muito preconceito, por ser hippie, cabeluda, mulher?
Na cabeça das pessoas, entre aspas, caretas, quem tinha cabelo grande era quem tinha piolho e não tomava banho. Antônio Carlos Fontoura fez um filme comigo, nunca esqueço, nós fomos filmar no centro do Rio de Janeiro. Eu fiquei dentro da Kombi enquanto ele ajeitava a luz. Começou a juntar gente, gente, muita gente, que começou a me chamar de macaco, cabeluda, piolhuda. Do nada, do nada, do nada. A gente teve que sair de lá. Não era fácil andar pelas ruas do Rio. Porque eu andava a caráter (ri), com essas roupas (aponta para fotos da época), com o cabelo, como eu era. Não era fácil. Lembro que uma vez eu estava dirigindo um carro – eu dirijo muito bem, gosto de dirigir –, aconteceu alguma coisa boba, o cara passou e deu uma fechada, e eu fiz um gesto qualquer, coisas que acontecem normalmente no trânsito. Eu tinha mandado revelar uns filmes – gostava muito de fotografar, tinha uma Pentax, várias lentes –, parei para pegar as fotos, e de repente esse homem com quem tive um desentendimento leve parou atrás de mim. Bateu no vidro do carro, um Fiat vermelho importado que eu tinha. Eu abaixei o vidro, olhei para ele, ele disse: "Por que você fez isso?". Eu tinha feito qualquer gesto obsceno. Falei: "Porque eu quis". Ele me deu um tapa na cara! E me disse assim: "Ponha-se no seu lugar de mulher".

Era essa a questão, então?
Cara, eu peguei o carro, liguei o motor, saí atrás desse homem. Ainda bem que o sinal abriu e ele conseguiu escapar, porque eu ia arrebentar meu carro. Eu sou um doce, mas sou muito brava quando as pessoas me agridem. Mas acontecia isso, e era por quê? Era pela minha imagem, né? Não é fácil andar nas ruas, não.

Você era um ímã para preconceitos? Machismo, racismo pelo cabelo black power, a sexualidade...
É. Era difícil. Eu estava de peito aberto, mas era difícil, eu sabia que era difícil. Saía numa boa com minhas roupas. Passei a frequentar aquele espaço onde eu ia com Jards Macalé e que acabaram denominando as Dunas da Gal. Ali havia uma obra, então era uma praia que as pessoas não frequentavam. E virou um reduto, um reduto de pessoas que se comportavam e se vestiam como eu, que se identificavam com aquela linguagem. Virou meio que um ponto turístico, as pessoas iam para ver (ri).

Você era uma líder dessa movimentação? Eram as dunas "da Gal"...
Eu era líder sem ao mesmo tempo atuar como líder (ri). Já ouvi muita gente dizer que as pessoas ficavam ali na praia e só saíam quando eu saía. Eu ia embora na hora do pôr do sol, as pessoas esperavam, quando eu saía todo mundo ia embora. Mas eu não liderava, não tinha essa postura de ser a líder. Simplesmente estava ali, era a líder porque era eu.

Falando no homem do trânsito, "Meu Nome É Gal" é uma grande música de Roberto e Erasmo Carlos, mas tem um quê de machista, "desejo me corresponder com um rapaz que seja o tal", não?
Não. Não acho machista. Rebelde era minha postura, meu cabelo, minha maneira de vestir. Na realidade não era nada demais, era apenas o cabelo e uma roupa. É muito importante essa música, e é linda. A gravação de "Gal Tropical" (de 1979) foi a que ficou mais exposta, porque aquele show foi um grande sucesso, ampliou meu público, e havia aquele duelo da voz com a guitarra, que não havia naquela primeira versão.

Você pediu essa música para eles?
Eu pedi, eu sempre pedia. Mas o tema eles fizeram porque quiseram.

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"É bom que tenha segundo turno, as pessoas vão refletir mais"

Na última parte da entrevista, Gal Costa fala sobre ser mãe e a eleição presidencial

Foto: Augusto Gomes

Gal Costa se apresenta no Anhembi, em São Paulo, no início de outubro

Hoje com 65 anos, a baiana Gal Costa só se tornou mãe após os 60, ao adotar o também baiano Gabriel, atualmente com cinco anos. Falando sobre o filho, comenta a adoção, conta que readquiriu o álbum "Gal Canta Caymmi" (1976) por causa dele e se emociona ao explicar como se sente quando canta para fazê-lo dormir. “Engraçado é que quanto mais concentrada eu estou mais rapidamente ele dorme. É muito bom”, diz.

Timidez à parte, Gal se mostra aberta e fala pelos cotovelos durante a cerca de uma hora de entrevista. Antes de encerrar, ainda tece suas considerações sobre Marina Silva e sobre a eleição presidencial de 2010.

O livreto diz que entre as fotos da capa de Legal (1970), criada por Hélio Oiticica, havia a
de um preso político da ditadura?
Era um amigo de Hélio que está por aqui (ela procura a foto na capa, não encontra), eu até esqueci o nome dele. Ele estava preso, não sei nada dele hoje. Quero reouvir essas músicas todas, vou reouvir, do primeiro ao último disco.

Não costuma fazer isso de vez em quando?
Costumo, mas acredita que não tenho nenhum disco meu em casa? Os meus vinis, logo que chegou o CD, eu dei, você acredita nisso? Tinha meus vinis e dei, burra que eu sou.

O que é isso, um desapego?
Não é desapego. Achava que, porque chegou uma nova tecnologia, eu não precisava mais daquilo. Eu tinha milhares, não sabia que o vinil ia virar uma preciosidade anos depois.

Não tem suas músicas nem no seu computador, em MP3?
Não, não tenho. Eu tenho só um CD meu lá em casa, sabe por quê? Porque entrei numa loja com meu filho, onde foi mesmo, Gal? Não lembro, era algum lugar que tinha uma estante de CDs, ele viu e falou: "Olha, mamãe, é você, compra". É o "Gal Canta Caymmi" (de 1976), esse eu tenho lá em casa.

Como é nome do seu filho?
Gabriel, lindo. Tem cinco anos, uma coisa. Eu canto para ele dormir. Canto muita música do Caymmi, coincidentemente. É um momento muito especial para mim, porque é uma pureza. Nesse momento meu canto sai puro, me lembra os primeiros tempos, o começo, quando eu estudava na minha casa a emissão da voz. Quando ouvi João Gilberto no rádio eu reaprendi a cantar, ia para o banheiro e ficava aprendendo a emitir a voz como João. Me lembra tudo isso, e o canto sai leve, suave, puro, amoroso. É um momento de concentração, muito bonito. É um amor imenso, tenho um amor por ele como se ele tivesse saído de mim. Digo que ele veio numa barriga de aluguel, porque é muito parecido comigo. Fisicamente se parece muito com a família do meu pai. E ele tem um espírito, uma alma parecida com a minha. É doce, inteligente, muito inteligente. Tem uma memória impressionante, parece a de Caetano (ri).

Como foi a adoção?
Eu sempre quis ter filhos, e não pude ter. Não é que não quis ter, eu tenho as trompas obstruídas, não deu para ter. Minha mãe queria que eu adotasse, me pedia muito, e eu achava que filho tem que ser parido, mas não existe isso. Filho tem que ser amado, mais que parido. Quando você decide abraçar, adotar uma criança, o amor é muito maior.

Qual é o procedimento para adotar um fiho?
Você vai procurar, tem que participar de encontros, fazer todas as etapas necessárias para ser mãe. Mas ser mãe é um dom. Eu nasci para ser mãe e cantora, as duas coisas.

Você tinha alguma relação especial com "Assum Preto" (do disco "Fa-tal", de 1971)? É uma música do Luiz Gonzaga sobre liberdade...
Eu já tinha cantado antes, fiz um show aqui em São Paulo onde eu cantava encostada numa parede, num teatro de arena, era muito incrível, só com o contrabaixo. É muito triste essa música. Fatal é um disco muito emblemático, uma declaração de amor, uma homenagem muito a Caetano. Foi na volta deles.

E sobre a capa de "Índia" (1973)? Não dá para imaginar ela circulando no auge da ditadura militar.
(Ri.) Essa capa foi proibida na época. A Censura proibiu duas coisas nesse disco: a capa, que só permitiu ser vendida nas lojas dentro de um invólucro preto, de plástico, e a música de Luiz Melodia, "Presente Cotidiano", que também foi proibida em princípio, e depois eles liberaram.

O que tinha nela para ser proibida?
Vai perguntar a eles (ri), eu não sei. Depois foi liberada. Esse disco é bem legal, foi feito depois do show também. Foi assim: Caetano e Gil chegaram de volta do exílio na época quando Fatal estava acabando. Assim que eles chegaram, resolveram que Caetano ia dirigir o show Índia e Gil ia fazer a direção musical. Caetano foi para a Bahia e não voltou, acho que ficou com preguiça de voltar (ri). Aí mandou uma fita cassete com algumas ideias de repertório, até ideias cênicas. A música "Índia" foi uma sugestão dele. E a gente então trabalhou, eu, Gil, a banda toda. A gente fotografou e foi criando a capa, tem foto de show, com a roupa original do Índia – depois eu usei uma outra roupa vermelha, aberta para as pernas aparecerem.

Você tem sangue índio?
Se eu tenho? Não, não. Não que eu saiba. Tenho sangue português, por parte da minha mãe, e tenho um certo pé na África, por parte de meu pai. Tenho parentes da parte dele que chegam a ser mulatos.

Você falou uma vez numa entrevista que, quando pequena, andava na rua perguntando "você é meu pai?" para as pessoas.
(Ri.) É porque eu não tive nenhuma relação com meu pai. Minha mãe se separou dele, e eu não tive relação com meu pai. E eu tinha vontade de ter um pai, né? Então às vezes eu aprontava essa, "esse é meu pai?", "ó o meu pai"… Não pensando que podia ser, mas perguntando se ele queria ser: "Eu quero ter um pai, você quer ser meu pai?". (A assessora de imprensa da Universal, Hercilia Castro, começa a pressionar para encerrar a entrevista.)

Escolhe um último disco para comentar?
Vou falar nisto aqui (pega "Água Viva", de 1978), sabe por quê? (Vasculha as capas todas.) Eu adoro este aqui também (pega "Cantar", de 1974), é lindo.

Então pronto, fala dos dois.
Quem inventou a capa de "Água Viva" fui eu, porque é uma coisa de sair da água, como se eu estivesse saindo da placenta, como se fosse um nascimento, um renascimento.

Tem ali uma música de Caetano, chamada "Mãe", que é maravilhosa…
A gente está sempre renascendo, no sentido de se transformar, e eu acho importante, e é uma coisa que acontece comigo graças a Deus. Por isso resolvi escolher essa capa. Mas Cantar também um disco muito especial, muito lindo. Nossa, não sei nem… Essa gravação de "A Rã" (de João Donato e Caetano) eu amo. Acho que nunca mais eu vou conseguir cantar com essa…

"Nunca mais vou conseguir cantar…", como é?
Não, assim, porque ouço essa gravação, é claro que eu consigo, mas tem uma pureza no canto… angelical. Tem uma pureza angelical que eu não sei se tenho mais. Talvez eu tenha, né? Mas é linda, essa música é linda, e é uma letra nova que Caetano colocou para eu gravar, o que é muito importante, numa canção gravada pelo João Gilberto. Eu adoro essa gravação de "Canção Que Morre no Ar". "Lua, Lua, Lua, Lua", que Caetano compôs, belíssima. "Flor de Maracujá", é tudo bonito aqui. (Hercilia encerra a entrevista, há mais jornalistas na fila.)

Você está animada com a eleição?
Eu, animada com a eleição? Não votei, porque estava aqui em São Paulo.

Mas agora tem segundo turno.
É, tem segundo turno. Eu acho bom que tenha. Não vou revelar meu voto, mas acho bom que tenha segundo turno, porque as pessoas refletem sobre tanta coisa que aconteceu durante todo esse período. É para refletir mesmo, é bom. Gosto muito da Marina Silva, acho que ela tem um discurso verdadeiro, passa pureza, espontaneidade. Li a crônica do Arnaldo Jabor no Estadão, ele fala dessa coisa dos dois candidatos, Dilma e Serra, que fizeram campanhas tão diferentes à da Marina, enquanto Marina veio com o oposto do que eles eram naquele momento. Quando ela fala passa uma verdade, uma seriedade, uma consistência. E as pessoas entenderam e absorveram isso. É bacana que ela conseguiu dividir, e as pessoas vão refletir mais, vão pensar mais.

O que o homem que lhe deu um tapa na cara há 40 anos deve pensar de termos duas mulheres concorrendo à presidência em 2010?
Ele já deve ter morrido (risos), era muito mais velho do que eu. Devia ser um militar qualquer, à paisana, terrivelmente machista, uma coisa horrorosa. O mundo futuro é das mulheres – sem querer ser… machista.

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Clássicos de Gal Costa voltam em caixa com 15 álbuns

Gravados entre 1967 e 1983, discos trazem o essencial da carreira da cantora; ouça dez músicas da caixa e vote na sua favorita


Meses depois de Jorge Ben e Ney Matogrosso, é a vez de Gal Costa ser encaixotada. A cantora baiana acaba de ter seus quinze primeiros discos reunidos no box "Total". Além desses álbuns, a caixa ainda traz um CD duplo com raridades - canções lançadas apenas em compacto, duetos com outros artistas, músicas feitas para o cinema. Se não resume toda a carreira da cantora (o período coberto vai de 1967 a 1983), traz o essencial de sua obra. "Baby", "Folhetim", "Tigresa", "índia"... está tudo lá. No infográfico acima, é possível ouvir trechos de essas e outras canções de Gal. No texto abaixo, a artista comenta os discos.

"Domingo" (1967, com Caetano Veloso)
Ainda relativamente desconhecidos, Gal e Caetano cantam juntos "Coração Vagabundo", "Domingo" e
"Zabelê". Ela canta sozinha cinco canções, e ele, quatro. "Escolhemos o repertório juntos, Caetano adorou todas as músicas que escolhi. Foi uma oportunidade de a gente fazer alguma coisa, foi ótimo ter feito com ele", diz Gal.

"Gal Costa" (1969)
"Tocou muito a música do Jorge Ben, "Que Pena", que gravei com Caetano. Aí fui chamada pela boate
Sucata para fazer um show lá. Tinha cenário de Hélio Oiticica, os músicos ficavam dentro de uma coisa de filó, e na frente do palco ficava comigo o (percussionista) Naná Vasconecelos, que é um músico performático." Totalmente impregnado do espírito tropicalista, o disco inclui canções de Caetano ("Não Identificado", "Saudosismo" e "Baby"), Gil ("A Coisa Mais Linda Que Existe"), Tom Zé ("Namorinho de Portão"), Roberto e Erasmo ("Se Você Pensa" e "Vou Recomeçar") e um coco extraído do repertório de Jackson do Pandeiro ("Sebastiana").

"Gal" (1969)
Considerado por ela seu disco mais experimental, inclui "Cinema Olympia" (de Caetano), a primeira versão de "Meu Nome É Gal" (de Roberto e Erasmo), "Tuareg" e "País Tropical" (de Jorge Ben), essa última mais popular à época na voz de Wilson Simonal. "A nossa tocou bem na rádio. Gil e Caetano gravaram essa música comigo, se eu não estou enganada, no dia em que estavam indo para Londres, ou qualquer coisa assim."

"Legal" (1970)
"É um disco experimental, mas não tanto quanto o anterior." No repertório, há uma versão tropicalista do iê-iê-iê "Eu Sou Terrível" (de Roberto e Erasmo), uma releitura do baião "Acauã" (do repertório de Luiz Gonzaga) e inéditas enviadas do exílio por Caetano ("London, London" e a carnavalesca "Deixa Sangrar") e Gil ("Língua do P" e "Minimistério").

"Fa-tal – Gal a Todo Vapor" (1971)
"O show foi dirigido por Waly Salomão e gravamos ao vivo, tem "Fruta Gogoia", "Charles Anjo 45", sugestões de Waly para introduzir outras canções, "Como Dois e Dois", "Falsa Baiana", "Antonico". Nessa época eu conheci Ismael Silva (compositor de "Antonico" e um dos inventores do samba carioca), ele foi na minha casa. Era um senhor já, imagina eu cantando Ismael Silva, ele um compositor do morro... Gostei muito de conhecê-lo. "Dê um Rolê" era dos Novos Baianos. Waly me apresentou a Luiz Melodia e eu gravei "Pérola Negra". "Como Dois e Dois" Caetano fez para Roberto Carlos e eu gravei também." A inédita "Vapor Barato", de Waly e Jards Macalé, é o marco histórico de Fatal.

"Índia" (1973)
"Dominguinhos tocou pela primeira vez nesse show numa área musical diferente da que ele costumava trabalhar. Toninho Horta era um músico novo que estava surgindo, tocou no palco pela primeira vez comigo." Gal reinterpreta Cascatinha & Inhana (que em 1952 haviam gravado uma versão em português de "Índia", uma guarânia paraguaia), Lupicinio Rodrigues ("Volta"), Tom & Vinicius ("Desafinado") e folclore português ("Milho Verde", recriada pelo diretor musical Gilberto Gil).

"Cantar" (1974)
"Caetano foi o produtor, e os arranjos são do João Donato, lindos. Adoro essa gravação de "Até Quem Sabe" (de Donato e Lysias Ênio)…" Caetano colocou letra em "A Rã", também de Donato, que João Gilberto havia gravado só cantarolando em 1970, com o nome O Sapo. A face "zen" de Gal ressurge e conduz a tranquilidade de "Barato Total" (de Gil), a simplicidade da canção de ninar "Chululu" (de autoria de sua mãe, Mariah Costa) e a tristeza de "Lágrimas Negras" (de Jorge Mautner e Nelson Jacobina).

"Gal Canta Caymmi" (1976)
Extirpada dessa reedição "por razões jurídicas", a capa original trazia uma Gal sorridente e amorosa abraçada a Dorival Caymmi, autor dos dez sambas que compõem o repertório em versões modernizadas, entre eles "Rainha do Mar" (1939), "Vatapá" (1942), "Pescaria (Canoeiro)" (1944), "Peguei um Ita no Norte" (1945), "O Vento" (1949), "Só Louco" (1955), "Dois de Fevereiro" (1957) e "São Salvador" (1960).

"Caras & Bocas" (1977)
Baseado na guitarra e em certo experimentalismo, é tratado por Gal no livreto como um disco "de entressafra", "vamos preencher esse buraco porque vem coisa lá na frente". No entanto, contém um grande sucesso ("Tigresa", composta por Caetano para Sonia Braga) e lances curiosos como "Negro Amor" (versão em português para o folk-rock "It’s All Over Now, Baby Blue", de Bob Dylan), composições pouco difundidas de Rita Lee ("Me Recuso") e Jorge Ben ("Minha Estrela É do Oriente") e a primeira composição gravada de Marina Lima ("Meu Doce Amor").

"Água Viva" (1978)
"Foi a primeira vez que eu gravei uma canção do Chico em mais de dez anos de carreira", afirma Gal no livreto, referindo-se a "Folhetim". Pela primeira vez, um disco da cantora vendia mais de 100 mil cópias, ancorado no sucesso de "Folhetim", "Olhos Verdes" (do repertório de Dalva de Oliveira), "Paula e Bebeto" (de Caetano e Milton Nascimento) e os baiões "O Gosto do Amor" (de e com Gonzaguinha) e "De Onde Vem o Baião" (de Gil).

"Gal Tropical" (1979)
Contém a versão mais conhecida de "Meu Nome É Gal", com o célebre duelo final entre voz e guitarra. "Isso é um grande barato, foi acontecendo durante os ensaios, e ficou uma marca incrível." Foram sucessos canções novas, como "Força Estranha" (composta por Caetano para Roberto Carlos), e regravações, como "Balancê" (do repertório de Carmen Miranda), "Noites Cariocas" (de Jacob do Bandolim) e "Estrada do Sol" (de Tom Jobim e Dolores Duran).

"Aquarela do Brasil" (1980)
Gal repete a fórmula do trabalho em homenagem a Dorival Caymmi, agora fazendo a arqueologia da obra musical de Ary Barroso, o que inclui a faixa-título (1939), "No Tabuleiro da Baiana" (1937), "Na Baixa do Sapateiro" e "Camisa Amarela" (1938), "É Luxo Só" (1957)

"Fantasia" (1981)
"Tinha "Meu Bem, Meu Mal" e "Tapete Mágico", que Caetano compôs para esse show. Tinha "Festa do
Interior", que era inédita, escolhida entre cinco canções numa fita que Moraes Moreira me mandou. Escolhi essa porque era a mais simples de todas." O disco traz ainda a antiga "Canta Brasil" (do repetório de Dalva de Oliveira), "Açaí" e "Faltando um Pedaço" (ambas de Djavan).

"Minha Voz" (1982)
Consolida-se a guinada rumo à MPB influenciada pelas linguagens pop dos anos 80, iniciada no disco anterior. "Bloco do Prazer", de Moraes Moreira, é o sucesso de perfil carnavalesco do LP. E há ainda "Azul" (de Djavan), "Dom de Iludir" e "Luz do Sol" (de Caetano) e a marchinha também carnavalesca "Pegando Fogo", lançada em 1939 pelo Bando da Lua, que acompanhava Carmen Miranda.

"Baby Gal" (1983)
Em seu disco de despedida da Philips, Gal regrava "Baby", a canção tropicalista que a marcara em 1968, em tom mais próximo à MPB e ao pop, com acompanhamento do conjunto Roupa Nova. E apresenta novas de Chico Buarque ("Mil Perdões"), Gil ("Bahia de Todas as Contas") e, claro, Caetano ("Sutis Diferenças").

"Gal Divina, Maravilhosa – 28 Raridades" (dois volumes)
"Ainda não ouvi esse disco, porque ganhei a caixa aqui em São Paulo. Me lembro de "Sua Estupidez", "Zoilógico" (1971), claro. "Acontece" (1974) foi gravado no teatro Castro Alves, em Salvador, num show de verão que fiz. "De Amor Eu Morrerei" e "Saia do Caminho", também. Essas canções são todas minhas conhecidas, não sei se dos fãs."O grande destaque são os brilhantes (e praticamente desconhecidos) temas de carnaval, como "Estamos Aí" (1972), "Barato Modesto" (1973), "Sem Grilos" e "Acorda pra Cuspir" (1974).

Veja abaixo trechos da entrevista:

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