sexta-feira, 20 de agosto de 2010

1985 - Bem Bom

Saiba Mais ~> Disco: Bem Bom
Por Douglas Carvalho, Tiago Marques e Fabio Coutinho

Depois do disco e show "Fa-Tal / Gal a Todo Vapor" (1971), o poeta baiano Waly Salomão dirigiu Gal Costa nos shows "Índia"(1973) e "Festa do interior" (1982), mas só voltou a trabalhar numa gravação da cantora em 1985 com o disco"Bem Bom". Prometendo um trabalho moderno, antenado com os novos tempos, "uma injeção de Tina Turner", como ele mesmo definiu, Waly criou junto com Gal um dos discos mais bem sucedidos de sua carreira em termos comerciais. E, realmente, "Bem Bom" foi um disco muito moderno na época, reunindo compositores habituais de Gal, como Chico Buarque, Gonzaguinha, Djavan e Milton Nascimento com outros de linguagem contemporânea, como Marina Lima, Cazuza, Celso Fonseca, o próprio Waly e acima de todos o paulista Arrigo Barnabé, líder da Vanguarda Paulistana, movimento surgido no início da década de 80 e que revelou artistas de grande talento, como Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Vânia Bastos, Ná Ozzetti, José Miguel Wisnik e Luis Tatit, entre outros. E a canção, que dá título ao LP, composta especialmente para Gal por Arrigo, Eduardo Gudin e Carlos Rennó (outros dois compositores do movimento), é uma bossa-nova cheia de dissonâncias, que cita vários clássicos do movimento, como "Só tem que ser com você", "Você e eu", "Canção que morre no ar", "Fotografia" e "O nosso amor". Para esse disco, Roberto e Erasmo Carlos escreveram uma espécie de continuação de "Meu nome é Gal", o rock "Musa de qualquer estação", outra homenagem explícita à personalidade de Gal. Outra pérola do disco, composta especialmente para Gal é "Último blues", do filme "A Ópera do Malandro". Uma curiosidade é que esse é o primeiro disco da cantora sem nenhuma música composta por Caetano Veloso, com excessão de "Gal Canta Caymmi" e "Aquarela do Brasil", que eram songbooks de Dorival Caymmi e Ary Barroso. Porém, Caetano comparece cantando com Gal a música "Sorte", um dos hits do discos. Porém, apesar da qualidade do repertório, o disco ficou marcado historicamente exatamente pelo que poderia ser considerado o ponto desfavorável, uma canção composta pela popularíssima dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, "Um dia de domingo", cantada em dupla com Tim Maia, que se tornou o maior sucesso do disco. Hoje, toda vez que algum crítico quer apontar defeitos na obra da cantora aponta exatamente essa canção, e por tabela todo o disco, que justiça seja feita, é excelente em repertório, arranjos e interpretação, fazendo jus a todos os trabalhos feito em conjunto por Gal Costa e Waly Salomão.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Já que toda opinião é subjetiva,achei esse disco de gal,apenas mediano.