quinta-feira, 12 de agosto de 2010

1966 - I Festival Internacional da Canção (FIC)

Festival Internacional da Canção
Fonte: Memória Globo

Período de exibição: 1967 - 1972
Periodicidade: anual
Criação: Augusto Marzagão
Apresentação: Arlete Salles, Betty Faria, Hilton Gomes, Ilka Soares, Murilo Nery, Norma Blum, Maria Cláudia

** PS: Em destaque o FIC de 1966. **

- Criado em 1966 pelo jornalista Augusto Marzagão e pelo então governador do estado da Guanabara, Negrão de Lima, com o objetivo de projetar a MPB, incentivar compositores e arranjadores e promover maior intercâmbio entre os grandes centros musicais do mundo inteiro, o Festival Internacional da Canção (FIC) se tornou parte integrante do calendário oficial da Secretaria Estadual de Turismo.

- A primeira edição, de 1966, foi patrocinada pela TV Rio. Mas em 1967 a Rede Globo passou a investir nos festivais e a transmiti-los. O festival teve, ao todo, sete edições, realizadas no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. As etapas eliminatórias também tiveram lugar em São Paulo.

- O festival era dividido em duas fases, a nacional e a internacional. A canção classificada em primeiro lugar na fase nacional representava o Brasil na fase internacional do festival, disputando com representantes de outros países o Prêmio Galo de Ouro (desenhado pelo cartunista Ziraldo e confeccionado pela joalheria H. Stern). Hilton Gomes era o apresentador oficial do FIC, cujo tema de abertura, o Hino do FIC, foi criado por Erlon Chaves.

- Duas canções brasileiras foram contempladas com o Galo de Ouro: Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque de Hollanda, interpretada por Cynara e Cybele, venceu O III FIC, em 1968; e Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, interpretada por Evinha, foi a vencedora so IV FIC, em 1969.

- A edição de 1968 entrou para a história da MPB pela tônica de protesto ao regime militar, tanto nas canções como na reação do público. Sabiá venceu a despeito das vaias da platéia, que preferia Para não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré, notabilizada como hino contra a repressão política da época, e que ficou em segundo lugar.

- Na etapa eliminatória paulista, Caetano Veloso foi vaiado no Teatro Tuca quando cantou com Os Mutantes a música É proibido proibir. Quando a platéia virou-lhe as costas, o cantor proferiu um discurso que se tornou célebre. "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? [...] A mesma juventude que vai sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem", bradou Caetano Veloso. Também em 1968 começaram as críticas à fase internacional do festival, motivadas pela baixa qualidade das canções.

- Em 1969, o Festival Internacional da Canção começou com a contagem regressiva do locutor Hilton Gomes, acompanhada por um coro de 25 mil espectadores: “Cinco... quatro... três... dois... um, boa sorte, maestro!”. O “boa sorte, maestro” proferido por Hilton Gomes ficou imortalizado. O programa era transmitido ao vivo, via satélite.

- Para evitar o esvaziamento do festival, em 1971 os organizadores do concurso resolveram classificar automaticamente vários compositores da fase nacional: Baden Powell, Caetano Veloso, Capinam, Chico Buarque de Hollanda, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Gilberto Gil, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Rui Guerra, Sérgio Ricardo, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Naquele ano, 25 das 36 músicas classificadas foram censuradas. Diversos artistas abandonaram o festival em protesto contra a censura e o governo militar.

- Cerca de duas toneladas e meia de equipamentos importados dos Estados Unidos e da Alemanha foram utilizados pelo departamento técnico da TV Globo, na época dirigido por Wilson da Silveira Brito, para a produção do Festival internacional da canção de 1971. A cenografia do evento ficou a cargo de Wilson Bandeira. Augusto César Vannucci e Hilton Gomes foram os responsáveis pela produção, além de cuidarem, respectivamente, da direção do espetáculo e da elaboração dos roteiros. A direção de TV foi de Walter Lacet.

- Em 1972, com o festival já em franca decadência, poucos dos grandes nomes inscreveram composições. Algumas confusões marcaram aquela edição: Nara Leão teve que sair da presidência do júri por ter criticado o governo numa entrevista; Roberto Freire, um dos jurados, foi impedido de ler um manifesto, depois lido pelo apresentador Murilo Néri; o compositor argentino Astor Piazzolla foi vaiado; e o músico Hermeto Pascoal foi proibido de se apresentar com animais no palco, a despeito de seu argumento de que “o porco dá um grito que nenhum piano do mundo consegue igualar”. O júri presidido por Nara Leão, também afastado por conta das críticas da cantora, defendia a escolha de “Cabeça”, de Walter Franco, e Nó na cama, de Ari do Cavaco e César Augusto. Mas as vencedoras foram Fio Maravilha, de Jorge Ben (Jor), interpretada pela revelação Maria Alcina, e Diálogo, samba de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, interpretado por Cláudia Regina e Baden. Uma das estrelas descobertas nesse festival foi o cantor e compositor Raul Seixas, que teve duas canções classificadas: Let me sing, Let me sing e Eu sou eu, Nicuri é o diabo.

- Os vencedores de 1966 a 1972 da fase nacional foram: 1966 – Saveiros, de Dori Caymmi e Nelson Motta, com Nana Caymmi; 1967 – Margarida, de Gutemberg Guarabira, com Guarabira e o Grupo Manifesto; 1968 – Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque de Hollanda, com Cynara e Cybele; 1969 – Cantiga por Luciana, de Paulo Tapajós e Edmundo Souto, com Evinha; 1970 – BR-3, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, com Tony Tornado, Trio Ternura e Quarteto Osmar Milito; 1971 – Kyrie, de Paulinho Soares e Marcelo Silva, com Trio Ternura; e 1972 – Fio Maravilha, de Jorge Ben, com Maria Alcina.

- Na fase internacional, os vencedores de 1966 a 1972 foram: 1966 – Frag Den Wind (Alemanha), de Helmuth Zacharias e Karl Schauber, com Inge Bruck; 1967 – Per una donna (Itália), de Perreta e Marcello di Martino, com Jimmy Fontana; 1968 – Sabiá (Brasil), de Tom Jobim e Chico Buarque de Hollanda, com Cynara e Cybele; 1969 –Cantiga por Luciana (Brasil), de Paulo Tapajós e Edmundo Souto, com Evinha; 1970 –Pedro Nadie (Argentina), de Piero e José, com Piero; 1971 – Y después del amor (México), com Hermanos Castro; e 1972 – Nobody calls me prophet (EUA), com David Clayton-Thomas.

- Os outros festivais produzidos pela Rede Globo foram II Festival estudantil de música popular brasileira (1968), Abertura – Festival da nova música (1975), Festival da nova música popular brasileira MPB-80 (1980), MPBShell 1981 (1981), MPB-Shell 1982 (1982), Festival dos festivais (1985) e Festival da música brasileira (2000).

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