sábado, 3 de abril de 2010

1975 - Gal Costa participou da trilha sonora da novela "Gabriela"

Novela: Gabriela
Por Paulo Senna

A novela "Gabriela", que foi exibida pela Rede Globo em 1975, às 22h, foi uma livre adaptação de Walter George Durst do romance "Gabriela, Cravo e Canela", obra de Jorge Amado. Na direção dos 135 capítulos esteve Walter Avancini.

Produzida para comemorar os dez anos da Rede Globo, a obra recebeu todo o tratamento digno de uma superprodução em todas as etapas: desde a adaptação do romance de Jorge Amado, a escalação do elenco e a criação dos figurinos de Marília Carneiro, até o trabalho dos cenógrafos Mário Monteiro e Gilberto Vigna.

A trama se passava em 1925, quando uma seca devastadora obrigou as populações famintas do Nordeste a fugir para o sul do país, em busca da sobrevivência. Havia os que migravam para Ilhéus, no interior da Bahia, região que começava a progredir graças ao plantio e comércio do cacau. Com eles, chegou à jovem Gabriela (Sônia Braga).

Órfã desde criança, a moça viveu durante um tempo aos cuidados de um tio e trabalhou na roça, até que a seca a forçou a partir. Em Ilhéus, ela arranjou trabalho como cozinheira na casa do "turco" Nacib (Armando Bógus), com quem acabou tendo uma história de amor poética e sensual.

(Sonia Braga)

A jovem Gabriela, era a moça com o cheiro do cravo e a cor da canela, bonita, cheia de vida e dona de uma sensualidade espontânea. Logo passou a ser o principal objeto de desejo dos homens da cidade e alvo da inveja das mulheres. Muito simples e ingênua, ela encontrava dificuldades para assimilar as regras de comportamento da sociedade de Ilhéus.

Enquanto Nacib, nascido na Síria e criado no Brasil, onde foi registrado em cartório, era um homem de alma leve que tinha riso e conversa fácil. Ele era o dono do Bar Vesúvio, por onde transitam várias figuras pitorescas da cidade de Ilhéus, como o professor Josué (Marco Nanini), Alfredo Bastos (Hemilcio Fróes), Berto Leal (Mário Gomes), Juca Viana (Pedro Paulo Rangel), Ezequiel Prado (Jayme Barcellos), Doutor (Ary Fontoura), João Fulgêncio (Luís Orione), Tonico Bastos (Fúlvio Stefanini) e Tuísca (Cosme dos Santos).

Curiosidades:

A novela foi um dos maiores sucessos da Rede Globo. Além dos altos índices de audiência, a novela foi escolhida pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como a melhor produção de 1975.

Daniel Filho contou que, na procura pela mulher ideal para viver a personagem título, tentou uma escolha inusitada e fez um convite a Gal Costa. A cantora baiana, entretanto, declinou, alegando não saber representar. Inúmeros testes foram feitos, mas o diretor já havia decidido que o papel teria que ser de Sônia Braga, desde que viu o desempenho da atriz em "Caminhos do coração" (Caso Especial) escrito e dirigido por Domingos de Oliveira em 1971, e insistiu com Boni para que ela fosse escolhida. A atriz acabou consagrada no papel, que voltaria a representar em 1983, em filme de Bruno Barreto, atuando ao lado de Marcello Mastroianni.

A trilha sonora de "Gabriela" é considerada uma das melhores da teledramaturgia brasileira. Produzida por Guto Graça Mello, foi composta de doze canções inéditas, gravadas por Maria Bethânia, João Bosco, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Fafá de Belém, Gal Costa, Elomar, Moraes Moreira, MPB-4, Quarteto em Cy e Djavan.

Dorival Caymmi compôs o clássico tema da abertura, "Modinha para Gabriela", que ganhou a interpretação de Gal Costa. A canção "Alegre menina", na voz de Djavan, trazia a música de Dori Caymmi para um poema escrito por Jorge Amado. Merecem destaque, ainda, "Meu coração ateu", de Sueli Costa na voz de Maria Bethânia.

Na memória de todos nos ficou a música "Modinha Para Gabriela", de Dorival Caymmi, na voz de Gal Costa:


Modinha Para Gabriela
Composição: Dorival Caymmi

Quando eu vim para esse mundo
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Gabriela
Gabriela ê meus camaradas
Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo sim
Vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela
Quem me batizou quem me nomeou
Pouco me importou é assim que eu sou
Gabriela sempre Gabriela

Quando eu vim para esse mundo
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Gabriela
Gabriela ê meus camaradas
Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo sim
Vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela
Quem me batizou quem me nomeou
Pouco me importou é assim que eu sou
Gabriela sempre Gabriela

Gabriela sempre Gabriela
Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo sim
Vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela

Eu sou sempre igual não desejo o mal
Amo o natural etc e tal

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Muito boa a matéria.