sábado, 12 de dezembro de 2009

1973 - Índia

Show Índia - 1973
Por Doug Carvalho

"Índia", o show que se seguiu ao histórico "Fa-Tal", como o antecessor também foi dirigido pelo poeta Waly Salomão, com supervisão geral de Guilherme Araújo. A idéia inicial era de que o show fosse dirigido por Caetano Veloso, que acabara de retornar do exílio em 1972. Caetano não dirigiu o show (dirigiu o seguinte, "Cantar"), mas acabou dando várias idéias que foram aproveitadas, como a inclusão da canção título, "Índia", e algumas canções novas compostas por ele na Bahia e enviadas para que Gal cantasse no show, como "Relance" e "Da maior importância". Com um vestido de babados de lamê coloridos, Gal cantava várias músicas empoleirada num banquinho se acompanhando ao violão, e esta cena marcou época, pois enquanto cantava entreabria as pernas que se destacavam da fenda frontal da saia, deixando as fileiras da frente dos teatros em que se apresentou entre o êxtase e a indignação. A idéia de cantar "Índia" tem um motivo muito pessoal e emotivo para a cantora, pois era uma canção que seu pai, Arnaldo Burgos, que a cantora nunca chegou a conhecer, gostava de cantar. Gal chegou certa vez a escutar uma gravação dele cantando esta música, e o definiu como desafinadíssimo. O show "Índia" rendeu um dos discos mais importantes da trajetória de Gal Costa, e além das músicas gravadas no disco como "Milho verde", que Gal cantava com passos de danças hipnóticos nas partes percurtidas, e "Presente cotidiano", Gal cantava também algumas músicas que ficaram fora do disco, como "Maracatu atômico" (Jorge Mautner), Ave Maria no Morro (Herivelto Martins, esta gravada muitos anos depois no CD "Todas as Coisas e Eu", de 2003), "Gravidade" (Caetano Veloso), "Eu sou a outra" (Ricardo Galeno), do repertório de Carmen Costa, "Movimento dos barcos" (Macalé - Capinan), uma colagem dos sambas "Samba rubro negro" (Heriveto Martins) e "Nega manhosa" (Wilson Batista e Jorge Castro), o baião "Qui nem giló", (Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira), também gravado anos mais tarde, no disco "Aquele Frevo Axé", de 1998, e "Para um Amor no Recife" (Paulinho da Viola). Com "Índia" Gal Costa se lançou em uma das mais longas temporadas feitas por ela na década de 70 através do circuito universitário, em cidades do interior de São Paulo e Paraná, e em outras capitais brasileiras. Esse show contava ainda com a participação especialíssima do sanfoneiro Dominguinhos.

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